O petróleo faz a
felicidade de alguns, e a desgraça de milhões.
Mas afinal quando é que
acabam as aulas dos discursos políticos académicos, e passamos às aulas
práticas?
06.06 horas da manhã. Lá
vai a escolta das sirenes, a anunciar que o neocolonialismo já chegou e que
definitivamente se instalou.
A
sereia
Recentemente estive no
Mussulu a admirar o que resta desta ilha, aliás como de tudo o mais, só restam
cacos, pois onde a corrupção se instala: «há muito, muito tempo, era uma vez. »
Um ilhéu agachado procurava qualquer coisa, a minha cunhada fazia-me companhia
e fez-lhe lembrar um acontecimento passado há alguns meses: «Há pouco tempo,
andava aí junto aos charcos de água um nosso vizinho a apanhar lenha seca dos
mangais. De repente apareceu-lhe uma sereia, que lhe perguntou muito chateada:
porque é que tu me estás a estragar a minha casa? Ele largou tudo, fugiu
encharcado de terror e passados poucos dias morreu.» «Mana, isso é mesmo
verdade?!» «É sim cunhado, é mesmo verdade!»
A
persistente informação leninista
Às 12.30 horas oiço a
abertura, de vez em quando para me rir um bocado, do noticiário da LAC. Às
13.00 horas oiço também na RNA, só os títulos, e também me rio um bom bocado.
Depois, dou uma vista de olhos pelo Facebook nos seguidores da escolástica
anterior, e confesso que me sinto, sou o cidadão mais bem desinformado de
Luanda. Nos tempos áureos da ditadura portuguesa, a outra do Salazar, porque a
actual nem vale a pena, parece que é bem pior, a Gulbenkian criou, e levava as
suas bibliotecas itinerantes ao domicílio, onde lhe dou graças a Deus, pois foi
assim que aprendi o que é uma ditadura, e como me defender dela. Por aqui, a
única biblioteca itinerante domiciliária é a poesia das maratonas, por sinal
muito cultivada e incentivada por poetas, escritores, políticos, jornalistas,
etc. Fazem muito bem em promover este insigne acto cultural, o mais elevado da
nossa/vossa cultura, porque alguém se lembrou da sua criação como um objecto de
cultura, intrínseco das raízes do povo angolano. Porque na ausência do livro…
beber é ler.
A miséria combate-se
com violência, e isso enche de contentamento a corrupção.
E onde há muita
corrupção há muita miséria.
Mas, porque só os
mwangolés estão ilegais em Angola e os estrangeiros legais? Porquê só perseguem
os pobres e indefesos e os corruptos nacionais e estrangeiros não? Acham que
isto assim vai acabar bem? Claro que não, mas se acham assim, estão errados.
Vão nas traseiras dos prédios e vejam as ilegalidades, a usurpação por
estrangeiros que até montam oficinas e estabelecimentos de fachada para lavagem
de dinheiro. Há conluio, não é?!
Hotel
Katyavala
No Hotel Katyavala,
agora chamado de Hotel Fantasma porque os clientes fugiram aterrorizados, nas
traseiras da Pomobel ao largo Zé Pirão, do general Ledy, os chineses ligaram a
canalização da água ao esgoto, não pode?!, pode sim, garantiu a nossa fonte a
este BP, e que não é a primeira vez, já o fizeram noutro, (ou noutros?), local.
Então, o Hotel Katyavala está em ruínas, passados mais ou menos três anos, que
é o prazo, o atraso de vida das obras chinesas. Quem mora na área diz que já
partiram as paredes algumas dez vezes. E que agora fazem-no, os chineses, de
borla, como indemnização, mas os chineses facturam de outra maneira, serram
ferros e martelam em chapas todos os demoníacos dias incluindo sábados e
domingos, infernizando, poluindo a vida dos mwangolés, porque para isso têm
salvo-condutos. As máfias chinesas também já neocolonizam Angola. Se ao menos
tivéssemos um Governo nacionalista. O vulcão sempre acaba por entrar em
erupção.
Os
gloriosos fiscais do GPL
Neste momento, 23 de
Abril, 14.24 horas, seis fiscais do GPL – Ingombota, saltaram de uma carrinha e
espoliaram tudo o que puderam dos pobres e honestos vendedores de rua. Isto
passou-se quase em frente à Angop. Para justificarem os salários que não lhes
pagam, os fiscais deveriam espoliar, saltar para cima da corrupção. Entretanto,
o exército de desempregados aumenta, e os assaltos e as mortes também, até que
nos danemos, todos nos danifiquemos. E a Polícia não acaba com os bandidos,
combate-os. Quanto mais desemprego, e emprego só para estrangeiros, que até já
nos garimpam a água, mais miséria, mais violência, mais assaltos, mais
mobutismo. Aos nossos ícones analistas/cientistas, agora chamados de cientistas
sociais, que batem na tecla já tão cheia de ferrugem: a Polícia combate, não
acaba com a criminalidade. Quanto mais desemprego, mais miséria, mais
criminalidade, e a Polícia não consegue conter a gigantesca onda de esfomeados.
Quanta mais violência e
repressão, mais violenta também será a queda do repressor.
Até
a água nos garimpam
Luanda. Segundo o
semanário O Independente, de 21 de Abril, cidadãos portugueses comandam o
garimpo da água no bairro Benfica. Trata-se de uma rede organizada que vende
cinquenta cisternas de água diariamente.
A
Escola 8
Luanda. Segundo a Rádio
Ecclesia, 20 de Abril, a Escola 8 situada em frente ao prédio da ESCOM no
Bairro do Cruzeiro, há pouco tempo reconstruída, mais uma escola foi encerrada
e os seus alunos ficaram sem aulas. A desculpa para o encerramento é a
necessidade de obras de melhoramento.
Pergunta-se: mais um
banco? E os alunos? Espera-os o futuro do cangaço e o lugar-comum de que a
Polícia não faz nada para parar a bandidagem? Angola já está de facto e de jure
propriedade do imperialismo?
Se o capitalismo é
selvagem, então o empresário também é selvagem?
Está
demais, o feitiço
Luanda. Uma mana
confidencia na outra: isto está demais, anda tudo no feitiço, todos querem ser
ricos. Tem que se ter muito cuidado por onde se anda, porque a pessoa pode ser
apanhada para lhe roubarem o coração e outros órgãos para fazer feitiço
O
feitiço dos malianos
Os bandidos assaltaram
a loja dos malianos, eles fizeram-lhes feitiço e depois uns bandidos morreram e
os outros, as caras transformaram-se em porcos. Um observador confidenciou à
nossa reportagem que há muitas pessoas transformadas em porcos.
Deixa
arder
Luanda, 19 de Abril.
Três casas arderam completamente no município do Sambizanga, depois de várias
tentativas de chamar pelo telefone os bombeiros, ninguém atendeu. In Rádio
Ecclesia.
Aqui, parece-me, a
situação é muito simples. Como os bombeiros não atenderam as diversas chamadas
de socorro, então eles são os responsáveis pelos prejuízos. Mas que triste
conjuntura esta, onde nem os bombeiros funcionam, nada funciona, excepto o
bombear do petróleo para os neocolonialistas.
Na maternidade Lucrécia Paim
Luanda, 15 de Abril, pouco
depois do raiar da manhã.
O senhor chega na
maternidade Lucrécia Paim já bem atestado de copos. Quer saber se a sua esposa
já deu à luz. Pergunta aos seguranças mas estes não lhe ligam, pergunta mais
naquela enfermeira, e mais aqui e ali, mas ninguém lhe responde, porquê?! Não,
não é por estar com os copos, até porque essa coisa é muito corriqueira por
aqui. Anormal, parece, é não estar bêbado. Para isso bastam as maratonas da
promoção alcoólica que o nosso Politburo faz ao seu povo, muito em especial
isso de que ainda chamam de juventude, é melhor mudaram-lhe o nome para
finados, bom, o nosso mwangolé não tem dinheiro para entregar nessa gente da
maternidade, e por isso ninguém lhe liga. Assim, decidem como habitualmente
abandonarem a parturiente à sua sorte? Então, o homem enche os pulmões ao
máximo, de ar, claro, porque de álcool é desnecessário, e grita o mais potente
que até hoje conseguiu: «O Samakuva vai ganhar as eleições e todos os do MPLA
vão ser cozinhados!!!» Uma grávida, há muito tempo, quase quarenta anos,
infestada do sofrimento da miséria, à espera que lhe atendam em vão, a gemer,
abandonada, ainda consegue rebater-lhe: «O José Eduardo dos Santos já
ganhou!!!» Mas, como é que ela sabe?!
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