domingo, 8 de abril de 2012

O cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na demanda do Santo Graal (15)



Carrega-me no teu pensamento
mas não me deixes já por ali
eu quero ler-te, percorrer-te
regressa, regressa, regressa
carrega-me nas nuvens
da tua originalidade
porque finalmente descobri
tu és a realidade

Essas ondas como nunca me viram
não podemos ir
não podemos ser
não podemos dizer
não posso levar-te
porque sei que onde estás
nunca regressarás

E assim vou perdendo o tempo
que nunca regressa
os meus sonhos não acabam amanhã
num dia, numa noite
acabam num sonho, numa mulher
num seu beijo, num seu carinho

Oh! Como são maravilhosos os sons do silêncio do amor de uma mulher. Como se poderão perceber? E não existe felicidade sem amor, até porque contrariando o amor académico, o amor e a felicidade vêem sempre acompanhados de ruídos cósmicos, porque gostam de se anunciarem. Como numa tempestade de amor magnético.

Em tempos áureos sentia-se o amor sem barreiras. Agora, o amor está tão vulgarizado, como qualquer mercadoria, que até já contrabandistas de armas o vendem.

Noutros tempos a chama do amor não se apagava, porque o amor a alimentava. Hoje somos incapazes de garantir o combustível que mantenha o que resta dessa chama. O amor apaga-se.

Houve um tempo em que o amor impunha o poder, o seu esplendor. Hoje em dia, o amor adulterou-se tanto, que de tão corrompido que está se fala abertamente: os dois amantes, o corruptor e o corrompido do amor.

Em tempos distantes as portas do amor abriam-se espampanantes, de par em par. Agora fecham-se hermeticamente porque já não existe nada nem ninguém para amar.

E apenas provamos a nossa pequenez perante o gigante que é o amor. É uma luta desigual porque o amor sai sempre vencedor.


Os bancos são o caminho mais seguro para derrubar democracias e instaurar e apoiar ditaduras.

Ouvem-se muitos poetas, mas as suas poesias não se conseguem ver.

O navio da democracia de Jingola vai-se afundar com o peso da democracia ou dos democratas?

Os trágicos acontecimentos que afectam os países de todo o mundo, nunca infectam Jingola, porque está exemplarmente iluminada, devido à liderança exemplar de um chefe que é o orgulho da África e do Mundo. Um exemplo é suficiente para ilustrar esta cabala: quando aconteceu o desastre imobiliário mundial, o subprime, Jingola escapou incólume. Assim como os preços do petróleo sobem ou descem, a economia de Jingola não sofre danos de monta, porque o grande líder sabe orientar e desviar o navio dos escolhos, porque é um grande manobrador, em qualquer leme fora de série. E o que temos agora? Uma invasão de desempregados que formam já um exército de desesperados que nos infundem insegurança. Com assaltos à mão armada que costumam deixar vitimas mortais. Disparam a matar.
E os preços dos alimentos sobem incrivelmente para mais enriquecimento dos palacianos. Que grande tragédia se avizinha neste final tão inglório. Se até os ventos da monção Norte afectam a Europa, mas aqui não, nós somos muito diferentes, essas coisas aqui nunca chegam a acontecer. Fome e miséria só nos outros países, aqui nunca, jamais! Nós somos o celeiro da vida, da liberdade e da democracia. Um povo feliz e maravilhoso. Uma oposição política fácil de manobrar e exércitos poderosos contra quem se manifestar.

Os Lordes estão assim muito convencidos, a cortarem cerces todas as liberdades conquistadas, porque contam com o apoio desinteressado dos amigos tsins, os tais da não ingerência nos assuntos internos dos outros países, ainda que essa ingerência seja um genocídio.
E se aparecerem milhares de tsins como militantes dos Lordes? Nada de anormal, tudo é possível para a manutenção do poder. Isto é macabro, funesto, cadavérico. Então, antes das eleições começarem, os Lordes afirmam categoricamente que já as ganharam? Que sórdido.

E na alienação do trabalho, factura-se de segunda a sexta-feira, ao sábado e domingo descansa-se. Na próxima semana faz-se a repetição da anterior, o ciclo da alienação do trabalhador. Nas sociedades modernas ainda existem empregados. Não houve evolução, apenas estagnação.

A nossa principal altercação interna é que a classe dos privilegiados não se quer descalçar. Pelo contrário, ainda se reforça com novas marcas de sapatos. E os enjeitados reclamam, não desistem, preparam manifestações de repúdio. E como é que os detentores da fábrica de calçado responderão às exigências da repartição dos bens? Com a prisão sob a acusação de arruaceiros, mal-educados, forças ocultas, humilhação prisional, e eliminação física, esta tanto melhor, é mais segura.
Quando não se distribuem migalhas às multidões em protesto, o naufrágio da jangada petrolífera é um facto consumado. O pão é só para o poder, e para a ralé o chicote do bel-prazer. Como chumbo, eis todo o peso da ditadura em cima de nós. Quando um homem sozinho pretende controlar e tocar todos os instrumentos da banda, é óbvio que os não consegue afinar. É por isso que em Jingola anda tudo desafinado, e já não haja ninguém que saiba tocar na orquestra, que ainda por cima se arroga de sábia mas, de decrépita governação. Há bons estilos de governação. O mais usual é a salvaguarda do bem-estar dos governados. Mas há governantes que preferem ver as suas populações a morrerem, para lhes espoliarem os fundos para enriquecimento pessoal e das suas famílias. É caso para dizer: quanto mais tempo usurpar o poder, muito mais hei-de enriquecer.

A Internet no interior de Angola é quase inexistente, e mesmo assim funciona muito deficientemente. Não admira que os antigos prefiram o uso da primitiva Internet do tam-tam.
Os tchavolas não são inimigos dos Lordes, até que eram amicíssimos deles. Os Lordes é que são ferocíssimos seus inimigos, porque: água, energia eléctrica, até um banco que mata tchavolas, o banco millennium Angola, e os estrangeiros que nos roubam o trabalho.
O Lorde deixa sempre os tchavolas na expectativa com as suas promessas da mentira, então não é um ferocíssimo inimigo? É sim senhor! O Lorde quer-nos aniquilar psicologicamente ou não, e nós defendemo-nos, claro. É um inimigo muito perigoso. O momento da justiça chegará, prevalecerá e triunfará. Alguém duvida? Não, muito pelo adverso, o exército dos descontentes, que tem o prémio da miséria como consolação, como a maior força política, sabe-o.

Com os inimigos do petróleo a impor o analfabetismo e em consequência a miséria às populações, é a política deste deus nosso senhor, uno e indivisível. Quanto mais tempo de ditadura, mais descontentamento. Há já uma multidão de personalidades nacionais e internacionais que alertam sobre os perigos que espreitam e esperam a nossa fértil ditadura. Mas qual quê! Isso é só lá nos outros países, aqui neste paraíso onde todos vivem felizes, nunca! Jamais! As ditaduras são para prevalecer, e os povos para sofrer e emudecer. É a ditadura dos pilha-galinhas. Convém salientar que bancos, casinos, agências de viagens e o mais da GBP – Grandes Batalhas Políticas, servem única e exclusivamente para a GLD – Grandes Lavagens de Dinheiros. E que a GBP, detentora dos bancos, de tudo, até das nossas vidas, chega a um banco, ordena a transferência de todo o dinheiro existente, e orienta os funcionários para dizerem aos clientes que estamos sem sistema. Só pode ser. Resumindo: e onde há muitos bancos da GBP, também há muitas lavandarias de dólares. E não é por acaso que exigem o também grande cambalacho do segredo bancário. Não é por acaso que o reino Emboaba ferve de corrupção, e aqui nós vulcanizamos.

E um novo partido político surge no nosso fraco horizonte visual, o GBP. Está sempre em campanha eleitoral antecipada. Como? Com imensas queimadas de capim humano no Largo do Pelourinho, ex/largo da Independência.
E não é por acaso que os preços sobem à toa. Alguns têm que pagar os prejuízos bancários. Os bancos funcionam como as seitas religiosas. Claro que o governo Jingola ao ilegalizar a contabilidade com a não apresentação de contas, e quando o faz está viciada, esqueceu-se de uma coisa: tal cena do vira-se o feitiço contra o feiticeiro. Permitem-lhes roubar tudo, mas também são roubados de tudo, porque não têm controlo de nada. Sacam-nos tudo o que puderem.
Para quando a prisão dos mentores do desastre económico do mercado Roque Santeiro, e o ressarcir das suas vítimas? E quando é que Jingola sai do colonialismo e da escravidão? Enquanto este poder continuar, a nossa miséria
não vai acabar, vai aumentar.
As vantagens das zungueiras? É que elas aceitam kilapi, crédito, e os estabelecimentos comerciais não. Isto é uma grande vantagem, é isto o crédito que desenvolve as sociedades, reduz e até acaba com a pobreza.
O Lorde deseja que fiquemos nas prisões do silêncio? Na miséria, na desgraça eterna? E isso resultará? Penso que não. As outras ditaduras já descarrilaram. E o nosso último comboio não sairá da estação. E Jingola será um cantão chinês, e terá um mandarim?

Vale a pena recordar que, quem brinca com a democracia, queima-se.

E finalmente a governação caiu no pântano de areias movediças. E quanto mais os seus indignos representantes gesticulam mais se afundam. Apesar de todas as tentativas e artimanhas, promessas, centralidades, estatísticas inventadas, corrupção, não se salvarão, já não existe salvação. E a areia movediça completou o seu trabalho, engolindo a governação e as suas torpes mentiras. E numa sondagem efectuada pelos Lordes, a corrupção ganhará as eleições com cem por cento dos votos.
E um novo país nasceu, a república das centralidades.
Não é a construção de muitos hospitais que resolve os problemas da saúde, mas sim a luta contra a pobreza e a corrupção, que são a construção do edifício da nossa saúde.
Enquanto lá nos condados do Sul de Jingola, a riqueza vê-se pelo número de cabeças de gado, na capital de Jingola é pela quantidade de carros. É nesta nova riqueza ilícita que não sabem dar o uso devido ao dinheiro. A outra é, conforme já aqui dito, partirem paredes, o que nisto são exímios. Por mais que tentem, o dinheiro não lhes altera o estatuto de baixo índice intelectual, de pobreza mental.
E quando as cabeças não funcionam, sai pancadaria.

Num reino com corrupção endémica, e portanto desorganizado, onde todos roubam, e se roubam, estão as portas escancaradas para a invasão de estrangeiros sem escrúpulos, porque o campo de actividades é-lhes de sobremaneira propicio, agradável, é o delírio para a pilhagem a que Jingola está sujeita. Porque onde os vampiros comandam, também outros sugadores de sangue chegam, e é de também roubarem à vontade. Em suma, quem vem para aqui, não pode ser humano, tem que ser aventureiro, desumano. Mesmo que sejam honestos, obrigam-se a não o serem. Jingola mergulhou no caos da podridão. Exactamente como os estrangeiros preferem. Os cães selvagens andam à solta. A espectacular diferença que há entre os bancos e as nossas kinguilas, é que elas emprestam-nos cem dólares a pagar dentro de trinta dias, com os respectivos juros, claro, e os bancos não.

Duzentas e cinquenta toneladas de abacaxi estragaram-se no condado de Aleugneb, devido ao não escoamento por falta de transporte. Claro, o único sistema de transporte que funciona, é o que serve para escoar os biliões de dólares da corrupção. E os nossos governantes são todos riquíssimos, e nós, os tchavolas, somos todos pobríssimos. E quando os poderes insubstituíveis acham que tudo se resolve com a força das armas, está tudo estragado. E as companhias petrolíferas americanas e ocidentais apoiam tamanha corrupção? Um regime inundado de corrupção existe? Existe sim, na forma de regime dos corruptos. É como um meteorito que caiu e os dinossauros extinguiu.


O navio do amor deslizava convincente na oceânica superfície marítima. Não sulcava a água, nela pairava imparável na paisagem infinita, onde o tempo não existe. Qual Triangulo das Bermudas com mais um ângulo, o amor.

O amor nunca faz cerimónias, nunca se faz anunciar. Quando chega abre-nos as portas de rompante. E proclama-nos: cheguei, não vou mais parar, e para sempre aqui vou ficar, eternamente morar.
Quando dois olhares se cruzam cúmplices, e interpenetram-se nos profundos laços da inconsistência, como corações ardentes, ansiosos, descontrolados, é o amor que chegou.


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